quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Chuvas de Setembro

Eu sei que a gente ainda não ta em setembro, mas chove como se fosse, e esses dias achei esse texto, que escrevi em meados de 2007 (ta, foi em setembro de 2007, mas eu queria usar a palavra meados). E como hoje ta nesse vento com chuva e algumas histórias dessa época foram desenterradas, achei que seria perfeito pra postar ele, até porque gosto dele, apesar do final dele me parecer meloso demais agora.
Aqui vai.


"Malditas chuvas de setembro.
Não tenho nada contra chuva, não me entenda mal.
Mas, em Setembro, e eventualmente em outubro também, elas tem o costume de vir acompanhadas de um vento gélido e imprevisível, fazendo com que a chuva venha, efetivamente, de baixo.
E, quando digo "de baixo", quero dizer que ela vem de todos os lados, e não importa mais para onde eu aponte o velho guarda-chuva, molhar-se é uma certeza.
O guarda chuva acaba virando um brinquedo, quase uma pipa ou um aviãozinho, que exige muita destreza do usuário se este não quiser ver o seu fiel companheiro de pano e metal ser violentado pelo vento. O melhor mesmo seria guardá-lo, mas perder-se-ia então o melhor dos escudos contra os motoristas imprudentes, inconscientes ou de má índole, que passam velozmente pelas poças d'água, literalmente lavando calçadas, muros e tudo o mais que estiver em cima destes, o que normalmente inclui pessoas. No caso, hoje, incluiu a mim.
As pessoas tendem a ficar iradas, estressadas, revoltadas ou até mesmo chateadas com esse tipo de coisa. Não as culpo. Ninguém realmente gosta de ser molhado numa situação dessas.
Nem eu.

Na verdade, eu costumo ficar revoltado com esse tamanho desrespeito, responsável por eu chegar em casa com as calças e a jaqueta molhados. Em qualquer outro dia, eu teria me revoltado, mas não hoje.
Os carros passavam, eu sentia a água gelada respingar na minha roupa e atravessá-la lentamente, e não me importava. Até mesmo ria.
Porque quando se está feliz, nada mais importa.
Quando se ama, o mundo pode desabar, não importa.

Mas às vezes, quando você menos espera, a felicidade é arrancada de você. Quando tudo parece estar perfeito, os sonhos viram pesadelos, o paraíso se transforma no inferno, e você passa a sentir aquele frio da chuva, antes mascarado pela felicidade.
Então, foi tudo mentira? Aquela felicidade foi vã?
Acho que não.
Ou melhor, tenho certeza que não.
Se ela me manteve quente enquanto a água fria castigava o meu corpo;
Se ela me manteve sorrindo enquanto meus pés estavam molhados;
Se ela me levou, por algumas horas, a estar mais próximo do meu amor;
Então ela foi real.
Ser feliz não implica no motivo da felicidade ser concreto.
Enquanto houver amor para alimentar a esperança;
Enquanto houver esperança para alimentar a felicidade;
Nada poderá separar duas almas apaixonadas.
Elas ficarão juntas, para sempre, como o Vento e a Chuva de setembro."

3 comentários:

  1. é mesmo.. o finalzinho ficou bem meloso mesmo! hahaha mas de resto, ta tudo bem bonito.
    e um brinde a essa chuva e esse vento, que não são de setembro, mas poderiam muito bem ser :)

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  2. só uma pergunta.. o que esse texto fazia esquecido desde 2007?
    incrível como é mais fácil escrever quando se está nesse 'estado de espírito';

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  3. Ele tava fazendo companhia pra outros textos não publicados que ficam guardados numa pasta entitulada "Bullshit"

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