quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Limão e a Laranja

Há quem diga - seja por superstição, crença ou apenas pra fazer os outros se sentirem melhor - que toda laranja tem sua metade (Como ou porque a laranja foi dividida, é algo que não nos concerne).
Mas nem sempre é possível achar a tal metade da laranja, as vezes ela pode estar muito longe ou talves - bate na madeira - ela já tenha virado adubo. Então o que fazer? Bom, sempre tem outras frutas por aí, limão, por exemplo.
Eu gosto de limão. Quem não gosta?
Tudo bem, há quem prefira passar a vida toda sendo uma meia-laranja ou então tem aqueles - e eu nem gosto de falar muito nesse caso - que gostam mais de pepino.

Mas, voltando ao que interessa: Limão.
Limão é bom; azedinho ou docinho; na caipirinha, no suco e até junto com o gelo na coca-cola (com Tequila também, para os mais bêbados).
Então porque não ficar com um limão, se é tão mais fácil de achar do que uma laranja?
Nada te impede, mas tem algumas coisas que você vai acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde. Ás vezes você acaba se impressionando com o quão doce e lindo um limão pode ser, mas mesmo que ele tenha o mesmo tamanho, formato e cor de uma laranja, ele não vai deixar de ser um limão.
A verdade é que um limão nunca vai ser tão bom quanto uma laranja.
Limão é azedo, Laranja não.
Limão enjoa, Laranja não.

Pode ser até que você confunda o seu limão com uma laranja, afinal, como você vai reconhecer uma laranja se nunca viu uma?
Mas, para o bem ou para o mal, tem uma maneira bem fácil de descobrir se o seu limão é uma laranja. Se pergunte se alguma vez você quis a laranja (ou limão, nesse caso não importa muito) de outra pessoa, se alguma vez você desejou que a sua "laranja" fosse diferente do que ela é, se alguma vez você preferiu que outra laranja ocupasse o lugar da sua. Se alguma das respostas for "sim", então meu amigo, você tem um limão nas mãos (provavelmente um limão e tanto, já que foi difícil perceber que não era uma laranja).

Então você começa a olhar pros lados, procurando por alguém com cara de Laranja, mas vê apenas caras-de-melão, caras-de-jabuticba ou, na melhor das hipóteses, caras de limão. Você começa a se questionar se a outra metade da sua laranja existe, se você algum dia vai encontrá-la. E se você arranjasse um limão, só por enquanto, até encontrar sua laranja?
Não faria mal algum, faria?
Ou você não conseguiria viver sabendo que iriá chegar um dia em que você terá que espremer esse limão pra dar lugar à laranja?
A verdade é que, não importa quão doce o suco do limão, ele não vai matar a sua sede por suco de laranja.

Você pode dizer que nunca vai provar suco de laranja, pra não ter esse problema, afinal você já cansou de ver pessoas em maus lençóis por causa dessa história de laranja.
Mas não tem como.
Não que isso seja uma coisa ruim, muito pelo contrário.
É claro que, eventualmente, laranja pode te dar dor de barriga. Você pode acabar ficando algum tempo (ás vezes muito tempo) sem a mínima vontade de sequer ver uma laranja na sua frente. Mas você sabe (e se ainda não sabe, vai descobrir) que um dia isso passa, e então você vai se ver, novamente, saboreando o inigualável suco da laranja.

domingo, 10 de agosto de 2008

O Ser Humano Perfeito

Que tal se você pudesse programar o ceu cérebro como você bem entendesse?
Passar a gosta de matemática, pra não ter mais problemas na escola/universidade;
Não gostar mais de peixe, pra não precisar ficar tirando as espinhas antes de comer;
Não pensar mais em coisas tristes, pra estar sempre feliz;
Passar a gostar de calor, pra não reclamar mais do clima do seu país/cidade;
Não gostar mais de menininhas com roupa listrada, pra.... bom, já deu pra entender.

Isso poderia acabar salvando a sua pele eventualmente. Por exemplo, imagine que você, seja lá como for, acabou perdido numa ilha deserta.
Você pode passar a gostar de peixe crú, frutos tropicais e cocos - mas não folhas, afinal estamos falando em reprogramar o cérebro, não o etômago - , facilitando assim a sua sobrevivência.

Melhor ainda, que tal parar de se importar com as outras pessoas? Parar de se importar com os sentimentos delas e com o que elas vão pensar a seu respeito.
Não ia ser ótimo? Afinal, todo mundo se importa com o que os outros pensam.
Claro que sempre aparece aquele cara descolado ou aquela menina "revoltada" pra dizer "Eu não to nem aí pro que os outros pensam".
Bullshit.
Você pode até não se importar com uma coisa ou outra, mas alguma coisa importa, certamente. Se não fosse assim, você não compraria mais roupas novas, por exemplo.

Você poderia, também, parar de se importar com todos os problemas, os seus e os do mundo.
Chega de fome, guerra, desgraça, prova de biologia, traição, pobreza, pagode, doom metal, domingão do Faustão e tudo mais que te desagrade.
No final das contas, iríamos virar um ser perfeito, sem problemas, sem falhas, feliz.
Ou não.
Um dia um amigo me falou que achava que se todos fôssemos robôs, corretamente programados para fazer a coisa certa, o mundo seria melhor, porque não teria fome, crime e tudo o mais de ruim.
Tá, o mundo seria um lugar melhor, mas pra quem? Pra nós é que não.
Afinal, a vida não teria graça assim. As coisas ruins são justamente pra isso, pra mostrar o contraste e diferenciar o que é ruim do que não é.
Jhonnie Walker não seria um bom whisky se fosse o único, seria apenas whisky.

Agora é quela hora que o autor do texto diz que o ser humano é uma criação perfeita e tudo mais..... NOT!

O ser humano só não tem mais defeitos graças aos polegares opositores e a baixa incidência de pêlos no corpo (essa segunda não é válida para 100% dos casos), nunca vai ser perfeito, e isso é que deixa a vida divertida.
Então não tente esquecer os seus problemas, não tente ser o que você não é, porque você não vai conseguir. Tende lidar com as coisas como elas são, e se não conseguir, engula tudo e se tranque no seu mundinho ou se mate, senão é capaz de, daqui a alguns anos, estamparem a sua cara feia em camisetas vermelhas e venderem por aí.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cinco razões para você (não) cometer suicídio

Se você se interessou por esse título, das duas uma:
a) Você, assim como eu, despreza auto-ajuda e acha que ela não serve para nada a não ser dar risada.
b) Você tem problemas. Sinceramente, se a idéia de se matar já passou pela sua cabeça em termos sérios - influências de Nirvana e afins não estão inclusas - então tem alguma coisa errada com você.

Então você pode me chamar de "Constatador do Óbvio" e dizer: "Claro, se eu quero me matar é justamente porque tem algo errado comigo". Mas não é bem assim.
O objetivo disso aqui não é dissuadir ninguém do suicídio, então se era por isso que você estava lendo, pode parar por aqui e ir cortar os pulsos em paz.

Nada contra quem comete suicídio, acho muito justo que uma pessoa se sinta no direito de acabar com o próprio sofrimento, afinal se tudo ao seu redor da errado e ninguém se importa com você, de que vale continuar vivendo?
O meu problema é com as pessoas que não cometem suicídio.

Pense um pouco: quantas vezes você já ouviu alguém dizendo que vai se matar? Essas pessoas adoram fazer drama, posar de sofredores, injustiçados, maltratados ou algo que o valha. Chega a ser uma espécie de egoísmo - ou mesmo ignorância - da parte delas achar que todo o resto do mundo é feliz enquanto elas sofrem.
Quem é que nunca sofreu uma grande decepção?
Quem é que nunca teve o coração partido?
Quem é que nunca perdeu algo importante?
Se todo mundo fosse se matar por coisas desse "naipe" a raça humana entraria em extinção num piscar de olhos.

Mas tudo bem, a grande maioria das pessoas nunca chega a se matar, justamente porque bem lá no fundo elas sabem que querem continuar vivendo e que só estão fazendo uma "ceninha" pra ver se alguém se compadece. Elas sabem que estão se enganando.
Aparentemente isso é o que mais se nota nos seres humanos em geral: eles estão sempre se enganando com alguma coisa.

As pessoas pessimistas, por exemplo. Me enraivece essa mania de "ser" pessimista. Vem o fulano e me diz que prefere ser pessimista, já assumindo de antemão que o pior vai acontecer. Assim, se de fato acontecer, ele não vai ser surpreendido, e se não acontecer, ele sai no lucro.
Me desculpe, mas não é bem assim que funciona.
Primeiro, se você realmente assumir o pior, vai sofrer por antecipação, e isso ao meu ver não é lucro nenhum.
Segundo, se você está pensando desse jeito, provavelmente não esteja sendo realmente pessimista.

Mais um exemplo, pra explicar essa segunda hipótese, todo mundo já deve ter ouvido essa, o cara chega e diz: "Prefiro pensar que tirei uma nota baixa na prova, daí se eu for mal mesmo, eu já sabia, e não vou ficar triste. Se eu ficar pensando que fui bem é capaz de ter ido mal e me ferrar depois".
Sinceramente, isso não é pessimismo, é no máximo "Otimismo Enrustido" ou "Pseudo-pessimismo". No fundo você está pensando algo do tipo: "Acho que tirei um 7, mas prefiro pensar q tirei um 3, daí eu fico feliz até se tirar um 5, que foi o que eu provavelmente tirei."
Claramente é uma forma de você tentar fugir da realidade, você enterra o que realmente sente e molda essa nova opinião mais "lucrativa". Mal sabe a maioria das pessoas que se cavarem só um pouquinho mais vão achar o otimismo que sempre esteve ali.

É natural do ser humano ser esperançoso, e ninguém vai te crucificar por causa disso.
Também é natural do ser humano ter medo da verdade e de expor os seus sentimentos, mas vai de cada um pensar a respeito e ponderar o que vale mais a pena.

E é aí que mora o problema, porque a maioria das pessoas nunca para pra pensar nessas coisas, ou quando para já é tarde demais, então elas passam o resto da vida sofrendo por antecipação, choramingando e fazendo cicatrizes nos pulsos.