quinta-feira, 30 de abril de 2009

Escolhas


Segundo um certo filme que me agrada, o maior presente que Deus nos deu foi o livre arbítrio, também conhecido, informalmente, como "capacidade do ser humano de se foder das mais inimagináveis formas possíveis devido às suas cagadas".
É claro que nem todas as escolhas tem o mesmo "peso" na vida das pessoas, estima-se - e por estima-se entenda: o que EU acho razoável - que no caso de uma vida não muito fora do comum (sem pormenores nessa parte) o número de escolhas que vão afetar em grande escala a sua vida não passe de meia duzia, efeito borboleta à parte.

Eu, por exemplo, considero que só tomei até hoje uma decisão desse calibre, que foi escolher o meu curso de graduação e a universidade. Tudo bem que fiz vestibular em mais de um lugar e pra cursos diferentes, então ficou meio na mão no destino, mas enfim, eu poderia muito bem estar em Curitiba cursando engenharia mecânica, mas ainda bem que não estou. Também não tenho certeza se escolhi o curso certo, mas fazer o que.

Já os meus pais fizeram várias decisões de grande impacto na minha vida, por exemplo ter se mudado para o Mato Grosso do Sul quando eu tinha 4 anos, mudou uma boa parte da minha infância (e todos sabem que a infância é a morada de todos os traumas que você vai descobrir que tem quando fizer uma visita ao psicólogo). Mais importante ainda foi a decisão dos meus pais de voltar para Capinzal, nem quero pensar o que seria de mim morando naquele lugar. Que me desculpem meus parentes que moram lá, mas odeio aquela cidade. Sem falar que se eu estivesse lá não conheceria as pessoas que conheço e
não teriaos amigos que tenho. Claro que eu teria amigos, mas duvido que eles fossem melhores que os que tenho agora. E como se isso não bastasse, Capinzal apavora!

Então tudo bem, vocë pode mudar a sua vida, fato. Para melhor ou para pior, a escolha é sua, mas na maioria das vezes vocë só vai descobrir quando for muito tarde. Por outro lado, algumas coisas vocë não pode mudar (e o mundo é uma delas, por incrivel que pareça muitas pessoas não tomam conhecimento do quão inviável é esse feito. E não me venha com aquela "é inviável porque tem gente que pensa como você", pior argumento, tira essa camiseta do Che e pensa num melhor) por exemplo: você mesmo.

Cheguei a essa conclusão recentemente quando uma pessoa disse que eu mudei e eu fiquei pensando (pra não dizer refletindo porque não gosto da palavra, pra mim quem reflete é espelho) sobre o assunto.
Antes de inferir qualquer coisa mais, gostaria de salientar que esta, assim como tudo mais que eu posto aqui, não é (ou melhor, eu não creio que seja) uma verdade absoluta. Ou, como diria um sábio Capinzalense: "Essa é a minha verdade, pode não ser a sua verdade, pois existem três tipos de verdade: a minha verdade, a sua verdade e a verdade VERDADEIRA."

Uma pessoa nunca muda sua verdadeira natureza, muda no máximo seu comportamento (por mais RPGistico que isso possa soar para alguns), ou seja, o seu rótulo. É normal a pessoa adaptar o seu comportamento para se adequar a certas situações enquanto isto a convier, por exemplo alguém que age como "machão" quando tem alguma guria por perto.
Por exemplo uma pessoa que não acredita em Deus e se converte subitamente, ninguém passa a acreditar em algo tão grande assim do nada. Das duas uma: ou ela sempre acreditou e não admitia, ou está fazendo papel de falso fiel, seja la qual for o motivo.

Mas então sempre tem aquele que diz "Eu não acredito em Deus, mas se ele aparecesse no meio das nuvens e dissesse que existe eu passaria a acreditar". Bom, dai não é que você não acredita na existência Dele, você admite a possibilidade de que ele exista (ou não) perante uma "prova".

Certa vez uma pessoa que significava muito pra mim disse que tinha mudado, que tinha passado a ser outra pessoa, e na época eu concordei com isso, mas agora eu vejo que continuei sendo o mesmo, essa "outra pessoa" que eu me tornei é o que eu sempre fui, mas não tinha coragem - na falta de uma palavra melhor - de ser pra agradar (ou deixar de magoar) certas pessoas. Não que eu tenha parado de fazer isso, provavelmente eu continue fazendo pro resto da minha vida, é como um freio que você vai soltando aos poucos.
Se você discorda tente pensar em como você agia (ou age) quando esta(va) com a sua namorada, possivelmente você vai perceber que acaba(va) se reprimindo para que as coisas corram mais suavemente.

Não acho que isso seja um defeito, todo mundo faz isso, muitas vezes com boa intenção e
as vezes mesmo por necessidade.
Meu ponto não é se isso é bom ou ruim, é simplesmente dizer que as pessoas, lá no fundo, não mudam nunca.