quinta-feira, 30 de julho de 2009

Rodoviária

Odeio esperar em rodoviária.
Não só rodoviária, a lista vai desde fila de banco até andar de circular.
Eu costumava ficar até bravo com isso, porque sentia que estava "perdendo tempo" que poderia ser muito melhor aproveitado fazendo algo produtivo. Bom, esse sentimento não mudou, ainda acho um puta desperdício de tempo, mas como essas são situações que eventualmente a gente acaba sendo obrigado a enfrentar eu tentei arranjar um passa-tempo, e o mais divertido que achei foi ficar observando as pessoas e tentando adivinhar o que elas estão pensando ou simplesmente analisando elas.

Por exemplo agora, tem um cara cerca de um metro e meio à minha frente, de costas pra mim, lendo um cartaz sobre "direitos e deveres dos passageiros". Ou ele está muito entediado ou é bixa e o cartaz é um difarce pra ele ficar olhando pro caixa da Unesul Transportes. Aposto mais na segunda opção, ele tem um jeitinho assim que faz a gente desconfiar.
Uns cinco metros à minha direita tem uma mulher mal encarada, também de pé, que sempre que olho, ta me olhando com uma cara feia. Não sei se ela não foi com a minha cara ou se é mal comida mesmo.

Rodoviária incrivelmente cheia hoje, incrível pra uma terça-feira as 23h.
Agora a pouco tinha uma bunduda parada aqui na minha frente, mas sumiu-se; Coincidentemente sumiu também o cara que tava "with lasers" na bunda dela. (Acabei descobrindo posteriormente que a bunduda trabalha ali na Eucatur, agora, quem diabos vai trabalhar na rodoviária com uma calça super justa e uma botinha com salto agulha de 10cm!?)
Uma mulher acabou de pedir pra eu tomar conta da mala dela. Ela veio no mesmo onibus que eu de Capinzal, e vai pra Florianópolis, mas vai no leito porque tem que trabalhar de manhã e se for com outro ônibus chega muito cansada, ou pelo menos foi isso que ela falou quando foi comprar a passagem la em Capinzal (e la estava eu sentado sem nada pra fazer, por isso captei tal informação inútil).
Tenho que cuidar pra ver quando ela volta, vai que ela vê que escrevi dela aqui. Se isso aqui não fosse Brasil eu ia começar a falar sobre a possibilidade de ter uma bomba na mala, mas em se tratando de meio oeste catarinense acaba perdendo a graça.
Ops, ta vindo, vou fingir q to fazendo outra coisa.
Deu.
Agora, queria saber porque ela pediu pra eu cuidar da mala, eu não ia pedir pra alguém distraído com um notebook cuidar da minha mala. Se bem que olhando pra cara das outas pessoas por aqui, eu também preferiria deixar aos cuidados de alguém com cara de nerd do que alguém mal encarado, pra não dizer outra coisa.

Todo mundo fica olhando as capas das revistas da banca - que está fechada - é o ponto alto da rodoviária. Tem um cartaz enorme do "Cudíntia", tricampeão da copa do Brasil, como se fosse grande coisa...
Tem aqui, em algum lugar dessa rodoviária, uma menina que estudava comigo. Ela tava no ônibus que veio de Capinzal também, mas eu não tinha visto ela direito e nem cumprimentei. Agora tenho certeza que é ela, mas que se foda, não vou cumprimentar, nunca fui com a cara dela mesmo.
Sempre tem aquela pessoa com a MAIOR cara de bandido, e agora essa pessoa passou na minha frente, deu uma olhadela na banca e continuou seu caminho analisando as incríveis (duas) vitrines da rodoviária. Não sei se essas pessoas já nascem assim com cara de marginal ou se gostam de se apresentar como tais; De um jeito ou de outro, prefiro manter distância.

A 8 horas (direção, não tempo) tem uma mulher gorda vestida de roxo dando conselhos ao filho, adolescente revoltado ao que tudo indica, com cabelo meio crescido e boné cobrindo os olhos.
A 9 horas, porém bem mais distante, tem um grupo de adolescentes barulhentos, ou melhor, barulhentAs, pois são 4 fêmeas e um moleque. O moleque quer parecer macho, usando aquelas correntes enormes no pescoço e fazendo pose de galã. Acho que ele deveria se livrar da franjinha antes de tentar denovo, só pra começar.
O gordo com camisa verde-claro-demais fica balançando em pé, com as mãos no bolso, como se fosse um daqueles "João-Bobo" ou "João-sem-braço". To aqui na expectativa pra ver se ele cai ou não...
E la vem o bandido denovo, mascando um pedaço de capim imaginário.

Finalmente começou a esvaziar essa rodoviária!
Acho que vou trocar de lugar, ir do lado do bebedouro onde tem uma tomada, pra garantir que tenha bateria suficiente pra boa parte da viagem, só que daí vou acabar ficando de frente pra tal guria q estudava comigo, vou dar um pseudônimo pra ela: Nita.
Pronto, agora minha bateria não corre mais perigo, e consegui sentar de modo que o lixo impede o contato visual com a Nita. Mas, que ta meio gelado esse chão, isso tá. Uma hora atrás o relógio lá fora informava 14 graus, agora deve estar em 13.
Bom, sentado aqui só consigo ver a estátua de Jesus Cristo crucificado e o cobrador da reunidas escorado embaixo dela, então melhor dar por encerrado esse texto, até porque já é muita coisa inútil num post só.
Meia hora antes do onibus chegar, aproveitar pra ver um episódio de Who's Line it Is Anyway, Ciao!