sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Efeito Borboleta

Ainda lembro, como se fosse ontem, daquela tarde em que ouvi pela primeira vez palavras a seu respeito. Estávamos no meio do inverno, mas a tarde era quente, como quase todas as tardes nessa ilha. Era uma daquelas sextas-feiras pelas quais tanto ansiávamos, quando tínhamos como amantes apenas a bola, a tabela e a quadra, numa busca contínua pela intimidade que então nos era praticamente desconhecida.

Eu paro, balanço o cabelo da frente dos olhos; Seguro a bola com firmeza, como ensinou Maravich; Miro a tabela por alguns instantes e salto, mandando a bola ao seu encontro.
Sem sucesso.
Caminho em direção a bola e sou alvo de uma rajada de palavras:
"... amigas... conhecer... sair...?".
Encaro o dono das palavras, buscando uma justificativa para as tais.
"... Capinzal... histórias... conhecer."
Chego até a bola.

Me soavam estranhas tais palavras, meio que deslocadas, talvez. Mas não se parecem assim
todas as palavras quando se ouve alguém que nunca proferiu-as fazê-lo? Por dois segundos, talvez menos, ponderei a atual situação e respondi: "Vamos."

Voltei minha atenção para minhas amantes recentes ao passo que palavras como "festa" e "hoje" cruzavam o ar, dividindo o espaço com as bolas errantes, sem saber que se passariam semanas - nas quais essa história permaneceria esquecida - até que eu a visse pela primeira vez;
Sem saber que acabare de presenciar o bater de asas de uma borboleta que viria a desencadear um turbilhão de acontecimentos e sentimentos que me fariam, cinco meses mais tarde, desistir de tentar pegar no sono e escrever - à luz débil e azul do celular - sobre este dia longínquo que poderia muito bem ter sido ontem e que acabou se tornando o prefácio de uma história ainda não terminada e, acima de tudo, sobre ela.

=0

2 comentários:

  1. e ainda antes disso eu e o adan imaginamos "mas se juntasse... acho que dava liga".
    porque eu não pensaria em qualquer uma pra você (apesar do teu passado recente haha), nem em qualquer um pra ela.

    fofos : )

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  2. meu lindo, o que eu vou dizer depois de ler esse post tão querido?
    lembrei de mim lendo no ônibus o rascunho que tu me deu e de vez em quando me pegava sorrindo. eu tava, como tô agora, sorrindo a toa pelas pequenas e pelas grandes coisas, por todas as coisas que passo junto contigo, que cada vez torna meus dias mais especiais!
    tirei a sorte grande! :)
    :*****

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